sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pesquisa mostra que as mulheres estão traindo mais

As mulheres estão traindo mais, indicam as pesquisas.
 Levantamento da Fundação Perseu Abramo e do Sesc com 2.365 brasileiras mostrou que
 12% delas admitiram ter pulado a cerca pelo menos uma vez na vida – há nove
 anos eram 7%. Outro estudo, do Projeto de Sexualidade (Prosex) da Faculdade de
 Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela médica Carmita
 Abdo, mostra que, em média, metade já teve algum envolvimento extraconjugal.
Mais surpreendentes do que os números são os motivos que as
 fazem infiéis. Na pesquisa recém-divulgada da fundação, “Mulheres brasileiras e
 gênero nos espaços públicos e privado”, aparece a vingança como a grande
 motivadora para elas procurarem outro homem. Uma em cada três (35%) disse que
 só enganou o parceiro porque descobriu que havia sido traída e desejava
 provocar ciúme.
A advogada C.V., 23 anos, seguiu essa cartilha. Após três
 anos de namoro, ela descobriu que o namorado se encontrava com outras. “Todo
 mundo sabia, foi humilhante”, conta C.V., que chegou a surpreender o amado
 abraçado a uma moça. A primeira reação da advogada foi ceder às investidas de
 um colega de classe. “Na hora me deu tanta raiva que eu só pensei em dar o
 troco, nem estava apaixonada.” A pulada de cerca foi passageira e o namoro
 ainda durou três meses. “Mas eu não conseguia mais confiar nele e terminei
 tudo.” Segundo a antropóloga Mirian Goldenberg, elas dizem que foram empurradas
 para o colo de outro por vingança porque, mesmo inconscientemente, sabem que é
 mais aceitável do que assumirem uma atração física. “Culpar o homem pela
 traição, é uma desculpa social, já que em nossa sociedade não é aceito que as
 mulheres tenham o desejo de ter mais de um homem”, explica a autora de “Por que
 os Homens e as Mulheres Traem?” (editora Record). Em suas pesquisas, Mirian
 encontrou um índice de traição feminina de 47%. “As mulheres estão mais ativas
 no comportamento sexual, mas no discurso continuam se colocando como vítimas”,
 completa.
 A segunda justificativa para trair o parceiro apontada na
 pesquisa da Perseu Abramo é a carência afetiva – 26% responderam que foram
 infiéis por não se sentirem amadas suficientemente pelos namorados ou maridos.
 Em terceiro lugar vem a insatisfação sexual (14%). Quando ficou grávida de seu
 filho, 15 anos atrás, a astróloga Denise Rodrigues, 51 anos, teve de enfrentar
 não somente uma gravidez complicada, mas também a rejeição do marido. “Tive uma
 gestação de risco e fui para perto da minha família em outra cidade nos últimos
 quatro meses. Quando voltei, ele tinha arrumado uma amante.” Depois de um ano
 de humilhações, uma depressão e muitos quilos a menos, ela encontrou alento no
 vizinho divorciado que a galanteava havia seis meses. “Eu estava extremamente
 carente e me sentia atraída por ele. Foi uma paixão louca, me senti bonita e
 desejada de novo, com mais vida”, conta. Apesar de o marido ter descoberto o
 romance, ela permaneceu com o companheiro até a morte dele, dois anos atrás.
 “Fizemos terapia de casal e ficamos mais 12 anos tentando, ele continuou a ter
 casos e era frio comigo, mas não tive mais ninguém, acabei jogando minha
 energia em outras coisas da vida.”
Outra especialista em relacionamentos amorosos, a
 psicanalista Regina Navarro Lins, autora do best seller “A Cama na Varanda”
 (editora Best Seller), explica que as mulheres lançam mão de motivos dramáticos
 para justificar um comportamento não aceito pela sociedade porque são educadas
 a ser frígidas. “Feminilidade no século XIX era não gostar de sexo e até hoje
 elas têm dificuldade de dizer que gostam”, explica a médica, que, em
 levantamento pela internet para escrever o livro “A Cama na Rede” (editora Best
 Seller), no ano passado, registrou índice de 72% de pessoas que já traíram,
 tanto homens quanto mulheres. Somente 11% das entrevistadas na pesquisa da
 Perseu Abramo admitiram que o que as levou aos braços de outro foi simplesmente
 a atração física. Ainda aparecem como causas da traição feminina o fato de ter
 casado por obrigação, a violência do marido e a ausência de vida sexual.
 
 Na opinião de Regina Navarro, foi a invenção da pílula
 anticoncepcional, há 51 anos, que abriu o caminho para a igualdade de gênero
 também no item traição. “As mulheres tinham menos relações extraconjugais
 porque tinham medo de uma gravidez indesejada, mas a pílula mudou isso”,
 avalia. Para a psicanalista, o que ainda impede que elas traiam tanto quanto os
 homens é o fato de ainda sentirem mais medo e culpa do que eles. E isso se deve
 à educação dada às meninas: não separar sexo de amor. “Ainda somos regidos pela
 ideia do amor romântico, que entrou para valer na década de 1940 e prega a
 existência de uma fusão entre os amantes, em que um vai preencher todas as
 necessidades do outro”, explica Regina.

 Por outro lado, os homens não cresceram sob esse tabu e
 conseguem fazer a separação com facilidade. Tanto que os índices de traição
 masculina continuam altos. Na pesquisa da Perseu Abramo, que também entrevistou
 1.181 homens, 45% deles disseram já ter traído. “Sexo e amor são coisas
 distintas, você pode amar e não querer ter sexo e gostar de ter sexo e não
 querer casar. Está mais do que na hora de acabar com essa ideia de que uma
 pessoa tem que contemplar tudo. É por isso que existe tanta frustração nas
 relações”, defende Regina. E as mulheres, segundo ela, são as que mais sofrem e
 se mostram mais insatisfeitas nos casamentos. “Por causa desse pacto de
 exclusividade, que na prática é uma ficção, 80% dos casais vivem mal. Não sou contra
 casamento, mas essa fórmula que está aí não está dando certo”, preconiza a
 pesquisadora.

Nisso, os estudiosos das relações amorosas são uníssonos:
 homens e mulheres vão encontrar cada vez mais novas formas de se relacionar. “O
 jeito como lidamos com o amor está em constante transformação. É só imaginar
 que até há muito pouco tempo adultério era considerado crime”, lembra Carmita
 Abdo, da Prosex/USP. Para Mirian Goldenberg, a vantagem é que os casais terão
 mais opções. “Alguns manterão a exclusividade sexual como principal valor do
 casamento, outras experimentarão maior liberdade.” Regina Navarro vai mais
 longe. “Acredito no poliamor, quando se pode amar e ser amado por mais de uma
 pessoa.” Pelo jeito, se relacionar com o sexo oposto ficará mais e mais complexo
 daqui para a frente. Mas quem disse que um dia foi simples?

Fonte: Revista Istoé




Um comentário:

  1. Adorei esta reportagem. Entrem em contato marcelo_mc5@hotmail.com

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