As mulheres estão traindo mais, indicam as pesquisas.
Levantamento da Fundação Perseu Abramo e do Sesc com 2.365 brasileiras mostrou que
12% delas admitiram ter pulado a cerca pelo menos uma vez na vida – há nove
anos eram 7%. Outro estudo, do Projeto de Sexualidade (Prosex) da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela médica Carmita
Abdo, mostra que, em média, metade já teve algum envolvimento extraconjugal.
Levantamento da Fundação Perseu Abramo e do Sesc com 2.365 brasileiras mostrou que
12% delas admitiram ter pulado a cerca pelo menos uma vez na vida – há nove
anos eram 7%. Outro estudo, do Projeto de Sexualidade (Prosex) da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela médica Carmita
Abdo, mostra que, em média, metade já teve algum envolvimento extraconjugal.
Mais surpreendentes do que os números são os motivos que as
fazem infiéis. Na pesquisa recém-divulgada da fundação, “Mulheres brasileiras e
gênero nos espaços públicos e privado”, aparece a vingança como a grande
motivadora para elas procurarem outro homem. Uma em cada três (35%) disse que
só enganou o parceiro porque descobriu que havia sido traída e desejava
provocar ciúme.
fazem infiéis. Na pesquisa recém-divulgada da fundação, “Mulheres brasileiras e
gênero nos espaços públicos e privado”, aparece a vingança como a grande
motivadora para elas procurarem outro homem. Uma em cada três (35%) disse que
só enganou o parceiro porque descobriu que havia sido traída e desejava
provocar ciúme.
A advogada C.V., 23 anos, seguiu essa cartilha. Após três
anos de namoro, ela descobriu que o namorado se encontrava com outras. “Todomundo sabia, foi humilhante”, conta C.V., que chegou a surpreender o amado
abraçado a uma moça. A primeira reação da advogada foi ceder às investidas de
um colega de classe. “Na hora me deu tanta raiva que eu só pensei em dar o
troco, nem estava apaixonada.” A pulada de cerca foi passageira e o namoro
ainda durou três meses. “Mas eu não conseguia mais confiar nele e terminei
tudo.” Segundo a antropóloga Mirian Goldenberg, elas dizem que foram empurradas
para o colo de outro por vingança porque, mesmo inconscientemente, sabem que é
mais aceitável do que assumirem uma atração física. “Culpar o homem pela
traição, é uma desculpa social, já que em nossa sociedade não é aceito que as
mulheres tenham o desejo de ter mais de um homem”, explica a autora de “Por que
os Homens e as Mulheres Traem?” (editora Record). Em suas pesquisas, Mirian
encontrou um índice de traição feminina de 47%. “As mulheres estão mais ativas
no comportamento sexual, mas no discurso continuam se colocando como vítimas”,
completa.
A segunda justificativa para trair o parceiro apontada na
pesquisa da Perseu Abramo é a carência afetiva – 26% responderam que foraminfiéis por não se sentirem amadas suficientemente pelos namorados ou maridos.
Em terceiro lugar vem a insatisfação sexual (14%). Quando ficou grávida de seu
filho, 15 anos atrás, a astróloga Denise Rodrigues, 51 anos, teve de enfrentar
não somente uma gravidez complicada, mas também a rejeição do marido. “Tive uma
gestação de risco e fui para perto da minha família em outra cidade nos últimos
quatro meses. Quando voltei, ele tinha arrumado uma amante.” Depois de um ano
de humilhações, uma depressão e muitos quilos a menos, ela encontrou alento no
vizinho divorciado que a galanteava havia seis meses. “Eu estava extremamente
carente e me sentia atraída por ele. Foi uma paixão louca, me senti bonita e
desejada de novo, com mais vida”, conta. Apesar de o marido ter descoberto o
romance, ela permaneceu com o companheiro até a morte dele, dois anos atrás.
“Fizemos terapia de casal e ficamos mais 12 anos tentando, ele continuou a ter
casos e era frio comigo, mas não tive mais ninguém, acabei jogando minha
energia em outras coisas da vida.”
Outra especialista em relacionamentos amorosos, a
psicanalista Regina Navarro Lins, autora do best seller “A Cama na Varanda”(editora Best Seller), explica que as mulheres lançam mão de motivos dramáticos
para justificar um comportamento não aceito pela sociedade porque são educadas
a ser frígidas. “Feminilidade no século XIX era não gostar de sexo e até hoje
elas têm dificuldade de dizer que gostam”, explica a médica, que, em
levantamento pela internet para escrever o livro “A Cama na Rede” (editora Best
Seller), no ano passado, registrou índice de 72% de pessoas que já traíram,
tanto homens quanto mulheres. Somente 11% das entrevistadas na pesquisa da
Perseu Abramo admitiram que o que as levou aos braços de outro foi simplesmente
a atração física. Ainda aparecem como causas da traição feminina o fato de ter
casado por obrigação, a violência do marido e a ausência de vida sexual.
Na opinião de Regina Navarro, foi a invenção da pílula
anticoncepcional, há 51 anos, que abriu o caminho para a igualdade de gênero
também no item traição. “As mulheres tinham menos relações extraconjugais
porque tinham medo de uma gravidez indesejada, mas a pílula mudou isso”,
avalia. Para a psicanalista, o que ainda impede que elas traiam tanto quanto os
homens é o fato de ainda sentirem mais medo e culpa do que eles. E isso se deve
à educação dada às meninas: não separar sexo de amor. “Ainda somos regidos pela
ideia do amor romântico, que entrou para valer na década de 1940 e prega a
existência de uma fusão entre os amantes, em que um vai preencher todas as
necessidades do outro”, explica Regina.
anticoncepcional, há 51 anos, que abriu o caminho para a igualdade de gênero
também no item traição. “As mulheres tinham menos relações extraconjugais
porque tinham medo de uma gravidez indesejada, mas a pílula mudou isso”,
avalia. Para a psicanalista, o que ainda impede que elas traiam tanto quanto os
homens é o fato de ainda sentirem mais medo e culpa do que eles. E isso se deve
à educação dada às meninas: não separar sexo de amor. “Ainda somos regidos pela
ideia do amor romântico, que entrou para valer na década de 1940 e prega a
existência de uma fusão entre os amantes, em que um vai preencher todas as
necessidades do outro”, explica Regina.
Por outro lado, os homens não cresceram sob esse tabu e
conseguem fazer a separação com facilidade. Tanto que os índices de traiçãomasculina continuam altos. Na pesquisa da Perseu Abramo, que também entrevistou
1.181 homens, 45% deles disseram já ter traído. “Sexo e amor são coisas
distintas, você pode amar e não querer ter sexo e gostar de ter sexo e não
querer casar. Está mais do que na hora de acabar com essa ideia de que uma
pessoa tem que contemplar tudo. É por isso que existe tanta frustração nas
relações”, defende Regina. E as mulheres, segundo ela, são as que mais sofrem e
se mostram mais insatisfeitas nos casamentos. “Por causa desse pacto de
exclusividade, que na prática é uma ficção, 80% dos casais vivem mal. Não sou contra
casamento, mas essa fórmula que está aí não está dando certo”, preconiza a
pesquisadora.
Nisso, os estudiosos das relações amorosas são uníssonos:
homens e mulheres vão encontrar cada vez mais novas formas de se relacionar. “Ojeito como lidamos com o amor está em constante transformação. É só imaginar
que até há muito pouco tempo adultério era considerado crime”, lembra Carmita
Abdo, da Prosex/USP. Para Mirian Goldenberg, a vantagem é que os casais terão
mais opções. “Alguns manterão a exclusividade sexual como principal valor do
casamento, outras experimentarão maior liberdade.” Regina Navarro vai mais
longe. “Acredito no poliamor, quando se pode amar e ser amado por mais de uma
pessoa.” Pelo jeito, se relacionar com o sexo oposto ficará mais e mais complexo
daqui para a frente. Mas quem disse que um dia foi simples?
Fonte: Revista Istoé
Adorei esta reportagem. Entrem em contato marcelo_mc5@hotmail.com
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